20 de abr. de 2008

Não tem pé, não tem cabeça, não tem ninguém que mereça...

Existir. Existir em várias formas, de vários jeitos. Viver como a vida exige, viver como queremos. Enfim, viver. Existir é fácil, uma pedra existe. E é só. Nós, estáticos, não existimos tanto... Precisamos de atitudes, ações, pensamentos e palavras. Existimos por meio de atitudes, ações, pensamentos e palavras. E sentimos essa existência. Não senti-la seria ignora-la. O que acabaria por gerar uma inexistência da existência, que não poderia ser ignorada. Inexistir. Inexistir. Mas não é tão fácil assim... Morte não leva à inexistência. Leva à sutileza de ser lembrado, esquecido e nossas marcas acabam por nos tornar permanentes, o que nos leva a existir ainda mais. Se eu fosse uma pedra, existira apenas. Mas eu sinto o que existe. Sinto as pedras e não posso ignora-las. Senti-las já é assumir sua existência. O que eu sinto existe? Existe a partir do momento em que sinto, pois, antes, não existia pra mim. E tentar ignorar o que eu sinto já seria uma forma de sentir. Ora, quem é que não sabe o que é se sentir sozinho? Mais sozinho que um elevador vazio... E não me importa se eu existo pra você, eu existo pra mim e isso é suficiente pra me cansar. Sozinho, eu existo ainda mais pra mim. Dividindo com você, a existência fica menos pesada. Mais suportável. Deveríamos desviar os olhos e pensar em pequenas coisas. Deveríamos beber mais e pensar menos. Pensar menos em nós mesmos... Pensar mais nas coisas que nos cercam. E como elas nos cercam... Tanto! Essas paredes ainda vão me enlouquecer. Essas paredes de pedras, de pessoas, de luzes e “moral e ética”. As paredes morais me sufocam, você sabe como é. Não me dou bem com a simetria desse quarto. E não me dou bem com... Nunca me dou bem.

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