9 de fev. de 2010



Todos os caminhos levam a Roma. E meus pés estão doloridos destas pedras frias, pontudas. Já pensei em fugir, mudar de rumo, tentar novos caminhos, e todos me levam ao mesmo lugar. O lugar nenhum, lugar comum. Quisera um caminho de grama macia, árvores de sombras frescas e chuva fina no alto da tarde, mas meus caminhos foram traçados em sertões áridos. À sombra de uma pedra seca eu posso descansar até que o sol me encontre e meus pés aguentem mais um pouco. À sombra de qualquer noitada posso descansar minha mente em entorpecentes. E cansá-la mais e mais para a ressaca da caminhada seguinte. Quisera um caminho que me tirasse da rota, que me levasse a novidades. Mas todos os caminhos levam a Roma... E é aqui, justamente onde não queria chegar. Aqui, onde o vento parece de chicotada e a chuva de castigo, onde o café amarga e o cigarro arranha. Aqui onde os blues não são tão lentos. Quisera um lugar melhor, maior. Mas o que me resta é este gosto de mofo na boca. E essa vontade de! Essa vontade de descobrir um motivo. Ou fugir da necessidade de motivos... Encontrar a ausência de excessos e perder esse excesso de ausências. Parafrasear menos, criar mais. Ter o que criar. Num caminho que não me leve a lugar algum, que apenas me dê a possibilidade de:

A possibilidade de não chegar em Roma.