28 de dez. de 2006

Filosofias...

- Mas nem todo mundo interpreta o homem da mesma forma... - Como assim "Nem todo mundo"? - Ah! Assim... Nem todo mundo, ora! Alguns dizem que o homem existe, e filosofam sobre isso. Outros dizem que o homem não existe, e ainda tentam explicar... - ... - Eu, particularmente, creio que não há nada disso, que nós apenas vivemos... Cada um pode dizer o que quiser, eu só acredito no que vejo, por isso acho que estou mais pra existencialista. - Não sei, às vezes parece que somos tão etéreos... Tão impalpáveis em várias atitudes, que não duvido que sejamos todos fruto da imaginação de alguém... Talvez num manicômio do interior da Tchecolosváquia... Qualquer coisa meio Matrix! - Mas como??? Se eu te vejo, te toco, sinto seu cheiro, sentiria seu gosto (se fosse da minha cultura comê-la). É real demais pra duvidarmos. - Eu sei, mas... Como explicar as afinidades, a maldade? Os sentimentos esdrúxulos (como dizia o poeta)? Como explicar a poesia? Tudo pode não existir, ou existir de outra forma, que não podemos explicar nem entender. Uma existencia diferente.. - Não existe existência diferente, somos o que vemos, o que comemos, o que fazemos... O que sentimos é apenas consequência de nossos atos e, talvez, reflexo de atos alheios. - Só porque você não entende, não quer dizer que não existe outra forma de existência! O universo é grande demais para o reduzirmos apenas ao que está ao nosso alcance. Quem sabe o que existe além das estrelas?? - É... Talvez haja razão no que você diz... Mas nada me tira da cabeça que o que vemos é que nos importa agora. De que me adianta a existência a milhares de milhões de quilômetros luz daqui? Está além do alcance da minha imaginação, logo, além do meu alcance. Não me importa! Não deve me importar! - E por isso acreditar apenas na existência simples do que você alcança? - Sim, por isso! - Mas falta algo nesta crença simples e reduzida. Você não sente falta do que não conhece, mas não sente uma necessidade, humana até, de conhecer?? - Não. Vivo bem mais fácil assim, só com o que tenho. O que eu não conheço pode ser muito pior que o que tenho. Não sei se vale a pena arriscar. - Então você quer apenas a reptição monótona do que já conhece? Não sente que isso um dia também vai acabar? E então nada terá valido à pena... - Mas o que não conhecemos é assim por que ainda não estamos preparados para conhecer. Isto (o que não conhecemos) já se entreabre em nossa imaginação, justamente para nos preparar para sua aparição. Enquanto isso, prefiro a vida limitada que tenho. Um dia, tenho certeza, tudo se abrirá diante de nossos olhos, então estaremos preparados. Quem sabe até não terão esta mesma dúvida depois de nós? Pois então o desconhecido será comum, e tudo perderá a graça novamente. Vê agora por que não queria pensar sobre isso? Por que prefiro a minha atual ignorância? - Não. Você, no fundo, concorda que algo há além de nós, por que não admite? - Porque não entendo. Não sei se seremos nós a reclamar novamente daqui a milênios (ou menos!) ou serão outros. Não sei se somos eternos ou se viramos pó junto com nossos corpos. Não sei. E isso me incomoda. É muito melhor, até para minha sanidade, crer e me preocupar com o que está aqui, à minha volta. O resto que se exploda... - É. Neste ponto você tem razão. O que não conhecemos não deve nos preocupar, pois, se não conhecemos, é porque ainda não é da nossa ossada. Temos muito ainda por fazer e viver. Temos muito ainda a corrigir antes de querer mudar algo que talvez ainda nem exista... - ...