11 de nov. de 2008
Por acaso, numa noite qualquer.
Nos encontramos por acaso, numa noite qualquer. Ele buscava por diversão, eu buscava por qualquer coisa pra beber. Ambos buscávamos sexo. Ambos buscávamos nossos sexos.
Quando o vi estava no balcão, pedindo um cigarro. Olhou de soslaio, com o canto do olho. Eu olhei em cheio, de olho inteiro. Ele pagou o cigarro, agradeceu e saiu. Eu paguei o vinho e saí. Já na rua, chamei. Pedi o isqueiro emprestado, ele pediu um gole de vinho. A conversa fluiu fácil, ele perguntou pra onde eu ia, eu disse que já tinha chegado.
- To por aí, esperando o tempo acabar.
- Ta sozinho?
- To.
Vinho foi, vinho veio. Entre cinzas e cigarros, nos conhecemos. Foi por acaso, numa noite qualquer. Ele usava um casaco vermelho, eu usava uma camiseta branca. Ele usava gel no cabelo, eu não fazia a barba há quase uma semana. Ele precisava de alguém pra despenteá-lo, eu precisava de alguém pra me mandar fazer a barba.
Terminamos de beber na minha casa, com suas conseqüências. As melhores.
Terminamos o outro dia na sua casa, com suas conseqüências. As melhores.
O tempo, os vinhos, os cigarros. Nos amávamos, era verdade. Nos amávamos e nos completávamos, pois eu andava barbeado e ele despenteado. Nos amávamos, era verdade.
Usei seu casaco vermelho, joguei seu gel no lixo. Ele me comprou novos barbeadores, usou minha camiseta branca. Manchou de vinho, molho ou sangue.
Piaf na vitrola, Placebo no mp3, Chico no Leblon. Andávamos em harmonia. Andávamos por aí. Ele cozinhava, eu lavava. Ele dava, eu comia.
Trocávamos.
O tempo veio, os vinhos escassearam, os cigarros aumentaram. Solitários.
Terminamos.
Eu precisava de mais uma garrafa de vinho, por acaso, noutra noite qualquer. Ele precisava de outros cigarros, por acaso, noutra noite qualquer.
Trepamos ainda umas vezes, sem a mesma graça.
Trepamos ainda umas vezes, com outras graças.
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