2 de jun. de 2008

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?



“Não há possibilidade
De viver com essa gente
E nem com nenhuma gente
Nem com nenhuma gente
A desconfiança te cercará
Como um escudo
Pinte o escaravelho de vermelho
E tinge os rumos da madrugada
E tinge os rumos da madrugada
Irão de longe as multidões suspirosas
Escutar o bezerro plangente”


Ah, realmente não há possibilidade (alguma) de viver com toda essa gente. Talvez com alguma gente, poucas. Pouquíssimas. O mundo gira, gira e me assusta. As pessoas mudam, as “tribos urbanas” se renovam, se reinventam, e me assustam. A forma como as pessoas amam, a forma como as pessoas demonstram seu amor e a forma como as pessoas tratam seu amor, me assustam. A falta de senso crítico, a necessidade de ser criticado. A falta de bom-senso, a necessidade de NÃO ser bom. Tudo isso tem me assustado deveras... E é então que vejo que não, não posso estar tão errado e ser a grande escória da sociedade. Não posso ter me enganado tanto. Não é uma roupa ridícula, de tão moderna, que te deixa melhor. Não será uma chegada escatológica, de tão moderna, que te dará a atenção que precisa. Não vai ser um escândalo pobre que vai garantir a “segurança” e a “estabilidade” do seu amor. Não vai ser toda a sua modernidade que vai garantir sua vida social. Podemos ser modernos, hypes, à frente do nosso tempo, podemos até chocar com toda a nossa modernidade, mas isso não vai garantir nossa saúde mental.

Enfim, e quem sou eu pra dizer isso? Eu, que já estive à frente do meu tempo. Que ousei com aquela roupa. Que cheguei de forma escatológica pra garantir alguns olhares. Eu, que nunca briguei por ninguém e, talvez por isso, hoje não tenho ninguém. Eu, que nunca tenho certeza do que é certo e do que é errado, que sempre posso mudar de opinião. Que sempre me contradigo. Que às vezes sinto falta de tudo isso, mesmo já tendo provado que estava errado. Eu que nem sei se concordo comigo mesmo!

"Eu vou lhes dizer agora o oposto do que eu disse antes, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante."

De tão moderno que sou, citei Raul Seixas e Secos e Molhados num mesmo texto.

”Dentaduras duplas!
Inda não sou bem velho
Para merecer-vos...”


Pronto. Agora citei Drummond! Tanto rabugismo às vezes me faz crer que meu RG me engana.

2 comentários:

Brescia Magalhães disse...

Não, amor! seu rg não te engana tanto assim... não mais!
e eu entendo como tudo isso pode ser difícil pra vc. vc, o diplomata... o pseudo diplomata... o q te faz mais diplomata ainda e mais original, como sempre...
lembre-se do seu próprio conselho... vivendo e abstraindo... as vezes dá certo! as vezes não. tpms. irritações constantes. auto-irritações constantes...
enfim...
sobe-e-desces, vai-e-vens...
...
bla.
te amo.
um dia desses eu hei de te dizer qual será meu time definitivo... ou não. pelo menos por um tempo. e seja lá qual for o resultado, espero q continue me amando tb...

Essa Menina. disse...

Não, não é só você.
O mundo é assim.
e vamos fugir então pra Babylon "longe dessa gente que não se respeita, tenho quase certeza que eu não sou daqui..."
só pra combinar com a tua mistura.
:)