Quando você morrer, benzinho, vou te cobrir de flores. As mais cheirosas. E vou te maquiar, até que tenha o aspecto dos vivos. Vou te pôr numa linda redoma, onde será vista por horas e horas. E quando estivermos cansados de te ver e você estiver cansado de ser visto, vou te pôr na terra e cuidar para que seus vermezinhos cresçam fortes e saudáveis.
Vou assistir seu renascimento, benzinho, em muda de planta que eu não saberei qual será, mas que cuidarei para que cresça forte e saudável. E quando você der flores, por que há de ser uma planta florida, vou te colher e enfeitar a sala de estar. Até que murche, você enfeitará e perfumará minha casa. Então te colocarei nas páginas amareladas do meu melhor livro, que será encaixotado e desencaixotado mil vezes, até que te redescubram como uma flor velha esquecida num livro antiquado. E então não importará. Eu já estarei morto e você não fará mais diferença.